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Esqueceu a Senha?

Capítulos (3 de 12) 12 Mar, 2019

Capítulo 5: A Médica Monstro

Mais de meia hora havia se passado desde que Carlos lutou contra os estagiários. Estava todo machucado e dolorido, suas juntas faziam um barulho estranho — provavelmente por conta do bloqueio de inúmeros impactos, — e o pior eram seus machucados que estavam congelados. O sangue havia parado de sair, mas ainda sentia fortes dores, o que fazia com que aos poucos perdesse sua velocidade de movimento.

— Essa dor está ficando cada vez mais forte. — Ele segurava o braço esquerdo com a mão direita, era uma ferida profunda causada por um disparo. Estava tentando amenizar a dor, fazendo com que o ar ao redor do braço se tornasse mais frio.

Carlos possuía uma grande resistência ao gelo, mas não era absoluta, até ele tinha um limite de quanto tempo poderia aguentar um frio abaixo de zero graus. Se continuasse a anestesiar o braço desse jeito, poderia perder o movimento dele.

Depois de muito andar, o Crescente chegou a um pátio cheio de pessoas. Decidiu que não importava mais ficar se escondendo das pessoas por medo de causar histeria, se continuasse a fazer isso, iria se tornar complicado achar algum médico. Há algum tempo deixou de se importar e começou a andar livremente pelas ruas.

O pátio estava bem movimentado, Carlos não sabia para quem pedir ajuda, todas as pessoas agiam de uma forma pouco amigável; apenas olhavam para seus ferimentos, mas não pareciam querer ajudar.

Antes que pudesse pensar para qual pessoa pediria ajuda, um homem chamou por ele. O Crescente se virou e se deparou com um homem alto, cheio de músculos e careca. Sua pele era morena e sua cara enfezada dava a impressão de ele ter poucos amigos.

— Hey, você. — O homem tinha uma voz forte e intimidadora. Isso fez com que Carlos hesitasse em responder. — Estou falando com você.

— Comigo? – Carlos respondeu sem pensar.

— Hehe, desculpe-me. Eu vivo fazendo isso, não queria intimidá-lo. — Sua voz repentinamente mudou para um tom mais humorado. — É que vi você ferido, e pensei que precisaria de ajuda.

— Eu. Hã, sim, preciso de ajuda — Carlos ficou mais aliviado depois de ter ouvido aquilo. Finalmente teria alguma ajuda, mas não deixou de achar tudo aquilo muito suspeito — por que quer me ajudar?

— Hmmmm, não é o que uma pessoa normal faria? Ajudar alguém ferido?

Carlos olhou ao seu redor, fez uma cara de confuso enquanto observava a multidão que estava no pátio.

— Acho que isso não é muito normal nessa cidade.

— Oh, sim, claro. — O homem soltou uma risada alta. — Ultimamente, as pessoas dessa cidade têm perdido a noção de solidariedade. Isso é por conta da aristocracia, que não se importa com nada além da futilidade.

— Deu para notar — disse Carlos olhando para as pessoas que andavam com roupas sofisticadas e com olhares indiferentes.

— Isso é culpa da prefeita. — O homem abaixou a cabeça entristecido como se estivesse se lembrado de algo obscuro, ia continuar a falar o que pensava, mas hesitou e não continuou. — Mas vamos deixar de lado esse assunto. Conheço uma médica muito boa que pode te ajudar.

Aquela era uma ótima notícia para Carlos, que havia por bastante tempo procurado por ajuda, mas ele não podia tirar a sensação de desconforto. Havia algo suspeito naquela pessoa e não sabia o que era. Poderia ser apenas uma intuição, ou o choque de realidade que recebeu recentemente ao descobrir toda a verdade sobre sua vida. Não sabia se podia ou não confiar naquele homem, mas decidiu, após pensar por algum tempo, que não tinha outro jeito. Era isso ou morrer por conta dos ferimentos graves.

— Bem — Carlos fechou os olhos e suspirou. — Acho que não tenho escolha, não é? Leve-me até essa médica. Hum…

— Kelvin. Eu me chamo Kelvin. — Ele deu uma risada escandalosa, parecia algo que fazia parte de sua personalidade, as pessoas ao redor o olharam como se ele fosse louco. — Sou um relojoeiro.

— Sou Carlos e sou, hã… um viajante.

— Siga-me Carlos, eu o levarei até uma médica confiável. Ela tratará de suas feridas, é muito boa com isso.

E assim Kelvin liderou o caminho. Não levou mais de 10 minutos para chegarem em uma rua estreita que parecia ser uma parte pobre da cidade. A rua era composta de inúmeros prédios antigos e algumas casas que sobreviveram com o tempo. Apesar de tudo, era um lugar ajeitado e possuía poucos moradores de rua, diferente da parte aristocrática da cidade.

[Maria]: Isso é muito estranho.

[Bortoluzzo]: O que?

[Maria]: O Carlos que conheci não confiaria em um desconhecido assim tão facilmente. Ele, na verdade, tentaria achar um jeito de se curar de uma maneira segura.

[Bortoluzzo]: Bom, não sei se ele tinha alguma opção ali, mas nós podemos dizer que o Carlos de antigamente era um pouco ingênuo.

[Maria]: Achei que ele sempre fosse um babaca.

[Bortoluzzo]: Não, quando eu o conheci ele já havia mudado um pouco, mas durante nossa jornada ele mudou mais. Na verdade, todos nós mudamos, inclusive você, não é?

[Maria]: Eu… apenas deixei de ser fraca.

[Bortoluzzo]: Bem, não há o que fazer, as pessoas mudam conformem passam por experiências, sejam de fracasso ou sucesso. Acho que é isso que nos torna humanos, ou quase isso.

E assim, chegaram ao seu destino. Uma pequena clínica maltratada pelo tempo que ficava no final da rua. Na verdade, parecia mais uma casa. Carlos não reconheceria como um local de trabalho de um médico, se não fosse pelo cartaz que dizia “Clínica da doutora Rena”. Na verdade, o nome da médica era Serena, mas duas letras haviam caído. Carlos soltou uma pequena risada ao ver isso.

— Então é aqui que essa médica, hã, Serena trabalha? — indagou Carlos enquanto olhava para o letreiro.

— Sim, ela vive aqui por muito tempo, tratando de pessoas doentes que não conseguem pagar uma consulta em uma clínica mais cara. Geralmente, não cobra pelo serviço, dependendo da condição financeira da pessoa.

— Acho que isso é bom, não tenho nenhum dinheiro comigo.

— Não se preocupe com isso, ela irá ajudá-lo.

Ao entrar na clínica, Carlos teve uma impressão diferente da fachada. Era muito diferente dentro e fora. Lá dentro o lugar era limpo e bem organizado, a entrada era bem convidativa e o local aconchegante. Era como se a fachada fosse de propósito uma porcaria, para espantar clientes, pelo menos foi isso que pensou.

— É um pouco diferente aqui dentro… — disse Carlos sem querer ser ofensivo.

— Sim, hehe. Como a maioria das pessoas dessa parte da cidade a conhecem. Serena não se importou em deixar a fachada chamativa.

— Entendo. Ela não precisa de novos clientes.

— Sim. Espere aí, vou avisá-la de que está aqui. Ei, Serena. — Kelvin deu um grito ensurdecedor. Ele era bem escandaloso, mas pelo menos isso fez efeito ao chamar a médica. — Tenho um novo paciente.

— Já vou, já vou. Não precisa gritar. — Uma voz suave e forte respondia Kelvin, era a voz de Serena.

E logo Carlos teria uma nova impressão, diferente das anteriores. Serena veio caminhando lentamente em direção a entrada da clínica. Era uma moça jovem, teria no máximo uns 30 anos, com um cabelo prateado e brilhante como o luar, que apesar de branco, realçava sua jovialidade. Usava um casaco verde e uma camisa branca, calça marrom e uma sandália. Mas não foi a aparência que chamou a atenção de Carlos, mas sim seu olhar. Era um olhar frio. Era um olhar que penetrava sua alma lhe dando calafrios. Ele imaginava como uma pessoa com um olhar desses poderia ser uma médica.

Ela recebeu Carlos e Kelvin com um olhar gélido e com um maço de cigarro entre os dedos. Fumaça saía de sua boca enquanto soprava suavemente contra o ar.

— Você, como sempre escandaloso, Kelvin. — Ela falou de maneira rígida sem perder a postura. Apagou um cigarro e o jogou em um cinzeiro, mas logo tirou outro de seu bolso e acendeu. — Você não poderia ser mais silencioso?

— Desculpe-me, é que isso é uma emergência, ele está bem ferido. — Kelvin falava rapidamente, enquanto apontava para as feridas de Carlos.

— E quem seria ele?

— Sou Carlos, um viajante — respondeu enquanto fazia um gesto de cumprimento.

— Certo, certo. Sou Serena. Pode me acompanhar. — Fez um gesto para que ele a seguisse.

Carlos adentrou mais a clínica, até chegar em uma sala de estar. Era tão confortável quanto a entrada do lugar. Um espaço calmo e luminoso, com móveis organizados o suficiente para você se sentir em casa. Tinha uma lareira acesa que ficava próximo a poltronas aconchegantes, algumas estantes cheias de livro estavam atrás. Carlos não deixou de notar que existia muitos livros de medicina lá. Assim como alguns livros de contos fictícios. Ela parecia gostar muito de ler.

— Não é aqui que eu atendo meus pacientes, mas é um bom lugar para a espera, não acha? — disse Serena enquanto tragava o cigarro.

— Sim. — Carlos olhava em volta, percebia os inúmeros detalhamentos da sala, admirando-os. — É bem acolhedor.

Apesar de estar tudo bem naquele momento, o Crescente não conseguia parar de sentir algo estranho naquele lugar. Desde que entrara na clínica, sentiu algo suspeito; não sabia o que era, também não conseguia pensar no porque estava pensando naquilo, mas algo dentro dele dizia que eles não eram confiáveis. Infelizmente, teve que ignorar essa preocupação. Carlos não duraria muito tempo com o corpo daquele jeito, então o melhor a se fazer era receber tratamento médico e depois que estivesse curado lidaria com o que viesse. Caso não recebesse tratamento e tudo aquilo fosse alguma armadilha, não deixaria de lutar para sobreviver. Ele era assim, pensava nos mínimos detalhes estrategicamente, mas as vezes arriscava a sorte e deixava que o destino decidisse para ele. De qualquer jeito, depois de sua primeira batalha se sentia confiante o suficiente para lidar com o destino.

— Algum problema? — perguntou Kelvin ao notar que Carlos estava estranho após conhecer Serena.

— Não, nenhum. — Ele rapidamente foi tirado de seu devaneio. Olhou para a médica. — Só estou com uma forte dor.

— Entendo. Siga-me — disse Serena se virando e andando. A fumaça logo a acompanhou.

Antes que Serena fizesse um gesto para que Carlos a seguisse, ele a interrompeu.

— Espere. Não tenho nenhum dinheiro para pagar o tratamento. Está tudo bem?

— Hum. Você disse que era um viajante. Um viajante sem dinheiro?

— É, eu… hã, fui assaltado. Levaram tudo o que eu tinha. — Uma gota de suor escorreu pelo rosto de Carlos. — Atiraram em mim…, mas eu consegui fugir.

Serena analisou o Crescente de cima a baixo. Notou suas feridas congeladas. Na verdade, era difícil não notar isso. Podemos dizer que uma pessoa com vários cortes congelados não era muito comum naquela cidade, mas Serena não disse nada quanto a isso, sabia que ele estava mentindo, e que ele mesmo havia feito aquele congelamento improvisado, ninguém poderia fazer aquilo senão alguém que pudesse controlar energia.

[Maria]: Meu deus… ele é um péssimo mentiroso. Quem seria idiota a ponto de cair nessa?

[Bortoluzzo]: Pois é, não vou comentar nada quanto a isso, só estou contando a história.

[Maria]: Não sei como esse cara sobreviveu por tanto tempo.

— Pois bem. — Serena continuava com seu olhar gélido, mesmo após Carlos ter mentido sobre seus hematomas. Ela não se importava. — Não vou cobrar nada pelo tratamento. Siga-me.

E assim Carlos a seguiu, enquanto Kelvin ficou na sala, esperando sentado no sofá confortável; olhou seriamente para os dois enquanto saíam da sala, pegou na mesa um caderno de palavras-cruzadas e começou a fazê-lo.

Desceram uma escadaria até um porão. Era um lugar meio estranho, um pouco diferente do conforto que havia nos outros cômodos da casa, mas era bem iluminado e tinha todos os materiais necessários para ela trabalhar. Isso já bastava para Carlos.

— Você pretende fumar enquanto cuida de meus ferimentos? — indagou Carlos, meio desconfortável com toda aquela fumaça.

— Não se preocupe. Não costumo fumar enquanto trabalho. Pode se sentar ali — Serena apontou para uma maca de ferro no meio do porão. — Apenas irei fazer uma checagem.

— Certo.

Carlos se sentou na maca e Serena começou a fazer a checagem. Ocorreu tudo bem, não havia nada de suspeito quanto a isso, mas o Crescente continuava com um pé atrás com toda aquela situação.

A médica começou a anotar algo em seu caderno. Carlos não conseguia ver o que era, mas ela anotava intensamente como se estivesse criando alguma estratégia de guerra. Seu rosto também fazia com que essa impressão fosse mais forte. O crescente ficou olhando e pensou que aquilo poderia ser normal para um médico. Ela poderia estar séria e querendo salvar a vida dele.

Após um momento de análise, finalmente começou a falar.

— Os cortes não são muito profundos. O congelamento ajudou a reduzir o sangramento, mas isso já é algo que você sabia. O único problema são as feridas de bala, elas são um pouco mais profundas, mas não é nada que o coloque em perigo. Farei alguns pontos e colocarei gazes. Te darei alguns analgésicos para passar a dor.

— É apenas isso? — Carlos ficou um pouco confuso, tudo parecia simples demais, ficou desconfiado com o fato de ela não ter se impressionado com o congelamento em suas feridas; uma pessoa normal não agiria tão indiferentemente quanto a isso. Ele parecia estar pior e aquelas anotações da médica pareciam suspeitas.

— Sim, não é tão grave quanto você imaginou. De fato, se as feridas não forem tratadas, isso pode fazer sua situação se agravar.

— Isso é um pouco estranho.

— Se você estiver desconfiado de minha análise médica, eu posso te recomendar outras clínicas que irão atender melhor suas expectativas.

— Não conheço nada deste lugar. — Carlos a encarou com um olhar sincero, mas ainda desconfiado da situação. — Então se você recomendar alguém que você conhece, vai ser a mesma coisa.

— Então está dizendo que desconfia de minhas habilidades? — Ela curvou levemente a cabeça para frente, com dúvida no rosto.

— Não. — Carlos olhou seriamente a médica, fez uma pausa para falar. — Estou dizendo que desconfio de seu caráter.

A médica apenas deu um sorriso, não era algo que fazia regularmente, mas havia achado divertido a honestidade do rapaz. Ele estava em suas mãos, mesmo assim tinha a audácia de dizer que não confiava nela.

— Entendo. Então o que pretende fazer? — Ela tragou o cigarro e soltou uma fumaça suave. Com um olhar penetrante encarou o Crescente. — Você pode ir embora a hora que quiser.

— Vou continuar aqui. — Ele decidiu isso com uma firmeza eu sua fala.

— Está me dizendo que desconfia de mim, mas vai continuar o tratamento médico? — Ela arqueou suavemente a sobrancelha direita.

— Não me entenda mal, doutora. Não espero ser enganado, e por algum milagre seja salvo.

— E então?

— Só acho que não tenho opções. Existe a chance de acontecer a mesma coisa em outra clínica e eu ficar desconfiado. Se eu ficar procurando pela cidade inteira atrás de ajuda, poderia acabar morrendo. A minha única opção é você. Apenas apostarei tudo e depois resolverei qualquer problema que aparecer.

— Você parece um pouco confiante quanto a isso. Está realmente disposto a arriscar?

— Sim. Estou disposto a tudo para sobreviver.

— Entendo. Então começaremos esse jogo.

Serena se referiu a tudo aquilo como um jogo. Carlos não entendeu o que ela quis dizer, não pensou muito nessa escolha de palavras, apenas continuou seguindo com aquilo. Se for para jogar um jogo, com certeza ele ganharia, era o que pensava. Tudo se resumia a estratégia, mas naquele ponto o que importava era apostar e o Crescente havia apostado suas fichas.

A médica começou a tratar dele, primeiro começou a descongelar todo o gelo que restava, após isso, começou a fazer os pontos a partir dos ferimentos mais profundos. Como as balas eram de energia, não foi necessário se preocupar com elas. Com todos os pontos feitos, começou a colocar as gazes nele. Tudo foi um processo simples e rápido, Carlos ainda sentia um pouco de dor.

— Aqui. Tome esses analgésicos, eles irão aliviar a sua dor. — A médica estendeu as mãos, mostrou os comprimidos para ele, e esperou que ele os pegasse.

— Isso só irá aliviar as minhas dores, não é? — Ele a olhou desconfiadamente.

— Sim. Esses comprimidos sim.

— Então não os aceito. Está tudo bem para mim, é só aguentar a dor por um tempo, acho que é uma jogada menos arriscada. — Ele resolveu entrar na dela, utilizando os mesmos termos ao falar.

— Entendo. — Ela encolheu os braços e colocou os comprimidos na mesa. — Você realmente não precisa tomá-los.

— Certo. Então está tudo terminado? — Perguntou Carlos enquanto se levantava da maca, parecia estar bem.

Serena não o respondeu, apenas o encarou com um olhar sério. Era como se estivesse analisando a situação, esperando algo. Aquilo causou uma sensação desconfortável no Crescente.

Repentinamente, uma dor começou a crescer em seu corpo. Ficou imóvel, enquanto a dor foi ficando cada vez mais forte. Era como se minibombas estivessem explodindo por toda a sua corrente sanguínea. A dor foi se intensificando e ele começou a suar. Aos poucos, foi se abaixando até ficar de joelhos com a mão direita apoiada no chão. O suor estava ficando mais intenso, começando a pingar.

– O… O que v-você fez comigo? — Carlos estava tendo dificuldades para falar, sua garganta estava seca e a dor o impedia de raciocinar bem. – O… que… d-diabos é isso?

— Você está se sentindo bem? — A médica tinha um tom sarcástico na voz, mas Carlos não conseguiu notar isso por conta da dor. — Se estiver com dores você pode tomar esses analgésicos.

— Me dê eles. — Carlos os pediu sem pestanejar, estava cada vez mais curvado e quase que se estirava no chão.

— Certo… aqui estão eles. — A médica não tinha nenhuma pressa em entregar os comprimidos para ele. Estava brincando e se divertindo com a situação.

Estendeu as mãos e entregou os dois comprimidos para o rapaz, que rapidamente os tomou de sua mão. Carlos colocou os comprimidos na boca com rapidez, nem pensou no que aquilo poderia ser ou se traria alguma consequência, apenas os engoliu e continuou no chão esperando que algo acontecesse.

— Eu venci — disse a médica olhando para o Crescente debilitado no chão. Tinha um sorriso satisfatório e seu olhar continuava frio. Aproveitou o momento para fumar um cigarro.

— Ve-venceu? O que quer dizer com isso. — Carlos notou que sua dor começou a sumir aos poucos. Era como se seu corpo estivesse sendo limpo de algo. A dor começou a esvair, começando pelas pontas dos pés até chegar ao corpo. E assim sumiu completamente. — O que foi isso? A dor… Ela sumiu repentinamente… Qual o seu jogo? O que você queria com tudo isso?

Carlos sentiu que havia se metido em um problema. Não pôde pensar em nada a não ser que aquilo havia sido culpa dele mesmo.

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