Capítulos (1 de 9) 23 Aug, 2024
Capítulo 8
UMA SEMANA DEPOIS….
Com os poderes de Victoria, a viagem que no mar levaria meses demorou apenas uma semana. Quando chegaram todos foram direto para o hospital. A maior parte das pessoas que viajaram voltaram feridas e precisaram ser tratados.
Gus foi levado para uma sala separada de todos. May não falou nada a viagem inteira, apenas ficou de olho no corpo de Gus. Seu olhos pareciam sem vida e tão mortos quanto os de um defunto. Ninguém lá estava alegre, mas May parecia pior do que todos.
Algumas horas depois todos já tinham sido tratados. May se deita de lado na marca e seus olhos começam a pesar. Não havia dormido uma única noite bem desde que saíram da ilha e seu corpo já não aguentava mais, e ela dorme profundamente.
O sol da manhã brilhava pela janela do quarto e incomodava May, que cobre seu rosto com sua coberta e tenta voltar a dormir. Mas ao recobrar bem a consciência, ela se levanta ferozmente.
My: - Gus!!!??? - Suas feridas ainda estavam muito profundas e ao se levantar ela sente uma dor horrível - AÍ, AÍ, AÍ!
- Calma aí… Deixa que eu te ajudo.
My: - Obrigada. Parece que todos os meus ossos se partiram.
- Eu imagino.
May observa ao seu redor e percebe que apenas seus amigos não estavam mais lá.
My: - Pra onde foram os meus amigos?
- Receberam alta anteontem.
My: - Anteontem? Mas chegamos aqui hoje pela manhã.
- Ah, na verdade, vocês chegaram aqui faz três dias. Você tá dormindo desde segunda, e hoje é quinta.
My: - Como assim!?
- Seu corpo apagou de tanta exaustão e você dormiu por esses três dias. Tentamos te acordar, mas não estava dando certo. Então tivemos que fazer uma acesso para te dar água e comida. Vai se sentir um pouco fraca, mas é normal. Vou chamar uma das enfermeiras e ela vai tirar os acessos.
My: - Quando eu posso ir?
- Vai precisar ficar por mais um tempo, por mais que seus exames não tenham apontado nada de anormal, e seu estado esteja estável, vai ter que ficar mais um tempo aqui pra ficarmos de olho em você.
My: - Poderia me tirar uma dúvida. Nós trouxemos um corpo de um garoto com os cabelos cacheados-
- Gustaf?
My: - Ele mesmo.
- Você falou o nome dele umas mil vezes enquanto dormia. Ele era seu namorado?
My: - Na verdade não. Mas você poderia me dizer se eles já o enterraram?
- Bom, ele não foi enterrado. Não posso dar muitos detalhes, mas ele ainda está sendo examinado.
My: - Como assim?
- Desculpe, não podemos dar informações sobre pacientes para pessoas que não sejam seu cônjuge ou da sua família.
My: - Ele não tem mais família. Por favor, ele não tem mais ninguém e eu preciso saber por que estão examinando ele…
Tudo bem… Não conte a ninguém o que eu vou te dizer. Quando seu amigo chegou, a pele dele estava rachada pela energia excessiva que ele usou. Ele não tinha batimentos e íamos declará-lo como morto, mas uma coisa me pareceu curiosa quando o vi. Vocês chegaram aqui em uma semana e o corpo dele não dava sinais de decomposição. Eu achei estranho então pedi para fazerem alguns exames, mas por incrível que pareça, quando examinamos o coração dele, era diferente. Extremamente diferente. Achei que também estivesse com as mesmas rachaduras de sua pele. Nós removemos um pequeno pedaço da pele de seu braço para examinar, e até aí tudo bem, mas quando as enfermeiras chegaram no outro dia para ver se ele acordaria, o local de onde tiramos a amostra estava curado. Não só o corpo dele não se decompôs como está se regenerando. Não sei bem como nem o porquê, mas ainda estamos o examinando pra tentar descobrir.
My: - Obrigada.
- Não tem de quê! Agora deite e descanse, que eu vou mandar trazerem algo pra você comer.
My: - Tá bom.
ÁZURA…
De volta a Ázura, todos estavam reunidos no salão principal a pedido do mestre Wade.
K: - Teve alguma notícia do Gus?
S: - E-e-ele vai s-s-sobreviver?
W: - Eles não me disseram. Mas vamos ter fé de que ele vai ficar bem, meus filhos.
X: - Não podemos visitá-lo?
W: - Eu tentei, mas disseram que só parentes ou familiares poderiam entrar.
S: - Que droga.
A: - Se não tem notícias do Gus, por que nos chamou?
W: - Por que temos mais problemas. Nossas rotas de segurança foram todas comprometidas.
K: - Como isso aconteceu?
W: - Não gostaria que fosse assim, mas um de nós é um traidor.
S: - Me-mestre, tem ce-certeza disso?
W: - Todas as encomendas que levávamos foram emboscadas. Não pode ter sido coincidência.
A: - Alguém de nós entregou as rotas.
K: - Alguém de alto nível. Só o mestre, os superiores que têm acesso a essas rotas.
W: - Por isso os chamei aqui. Sei que nenhum de vocês é o traidor, e preciso que descubram quem é.
S: - O-o-o que vamos fa-fazer?
W: - Por hora, só quero que tomem cuidado e cuidem uns dos outros. Xhaka, Sarina e Aleukh, quero que tomem conta dos mais novos e quero que essa informação não saia daqui.
Sa: - Claro.
W: - Tomem cuidado, meus filhos. Não sabemos que perigos podem aparecer por agora.
ÁQUILA…
Dentro do reino, as notícias de que haviam encontrado a ilha da morte e de que Nero havia voltado com vida circulavam por todo o reino antes mesmo de ser anunciado.
O conselheiro do Rei Deulofeu, um homem chamado Landro, tentava entender o que estava o incomodando tanto, que o fazia andar de um lado para o outro como um maluco, suando de tanta ansiedade.
L: - Majestade, o que o está afligindo?
D: - É difícil de explicar, mas temos um grande problema agora.
L: - Como assim? Encontramos a ilha maldita e um de nossos principais guerreiros retornou para casa. Temos mais força e mais honra agora.
As palavras de Landro não pareciam animar o espírito de Deulofeu, pelo contrário, ele parecia cada vez mais nervoso.
D: - Landro, tem alguma ideia do que aconteceu na ilha?
L: - Sei de alguns rumores, meu Rei. Tenho alguns ouvidos nas cidades baixas, homens de confiança que conversaram com sobreviventes da ilha e descobriram que uma criatura, próxima de um morto vivo, tão poderosa quanto qualquer um de nossos mais poderoso cavaleiros, prendia ou matava qualquer um que chegasse na ilha.
D: - E como escaparam da criatura?
L: - Pode parecer loucura, mas um garoto de River enfrentou a em um combate terrível e a venceu.
D: - Como?
L: - Não sei dos detalhes, mas dizem que o garoto seja tão poderoso quanto o mais forte que cavaleiro que temos, que poderia fazer de uma cidade uma pedra de gelo ou queima-la até virar uma pequena brasa.
D: - Onde ele está?
L: - Isso eu não sei meu senhor. Provavelmente em River Raw.
D: - Tem alguma notícia de Nero?
L: - Está no sendo tratado no hospital. Seus ferimentos não são graves. Se desejar, posso convidá-lo para um banquete assim que for liberado, para comemorarmos nossa vitória.
D: - Por favor, não faça isso. Preciso que descubra onde está o Garoto que destruiu a criatura.
L: -Claro, Majestade.
D: - Me avise assim que tiver notícias.
UM ADEUS…
Quando o dia amanheceu, May já tinha preparado todas as suas coisas para ir embora do hospital. A médica passou cedo e lhe deu alta. Infelizmente, ela não podem deixar May, ou qualquer um visitar Gus, mas prometeu que a avisaria quando tivesse notícias.
Quando saí pela porta, Kamy e Salva a esperavam do lado de fora.
K: - Oi, gatinha.
S: - Co-como está?
My: -Oi, pessoal. Estou bem melhor do que naquele navio idiota - May estava cabisbaixa e sem ânimo.
K: - Quer comer alguma coisa com a gente? Por nossa conta. Podemos ir onde você quiser.
My: - Obrigada. Mas eu só quero fazer uma coisa primeiro, depois eu encontro vocês.
S: - Sa-sabe de a-alguma coisa sobre o Gus?
My: - Só que não podem nos dizer nada ainda.
Explicar o que estava sentindo era muito difícil, mas ter sobrevivido aquela batalha por que alguém tão importante para ela, mesmo que tivesse se tornado recentemente, foi como reviver toda a dor de ver sua mãe morrer e não poder fazer nada outra vez.
May vai para casa e quando chega correndo direto para seu quarto, onde tira um baú de debaixo da cama. Ele estava repleto de Kastas até a borda. May pega todas, as põe em um saco e as leva para o quintal onde cava um buraco no chão e as enterra.
My: - Chega dessa merda.
Depois de enterrar as castas, May vai até a casa de Gus. Logo na entrada ela vê os troncos de árvores deitados circulando a fogueira que eles faziam sempre que estava frio. Ela entra, sobe as escadas até o segundo andar entra no quarto dele. Era incrivelmente organizado, e sempre muito limpo.
My: - Você gostava mesmo das coisas limpas, não é!?
Ela abre o armário e vê as roupas. O que a faz soltar um enorme sorriso ao ver uma blusa branca guardada dentro uma capa transparente. Foi ela quem lhe deu aquela blusa quando ele fez 13 anos. A lembrança era nítida em sua memória. Ela lhe entregou o presente e lhe disse: “Você fica muito bonito de branco, e vai ficar perfeita com nosso colar”. Assim que ela disse isso, o rosto de Gus ficou extremamente vermelho, e seus olhos brilhavam como uma estrela. May ficou nervosa achando que ela não estava bem e começou a gritar: “MÃÃEEE, o Gu tá passando mal!!! Corre que a cabeça dele vai explodir!!!”.
A lembrança a fez rir tanto que perdeu as forças e sentou na mesa no ápio da janela onde Gus adorava ler e olhar a chuva.
My: - É, você tinha razão. Esse lugar é ótimo pra ler - Muitas vezes Gus a chamou para ler e tomar um café ali, mas ela sempre recusava por que, quando criança, ainda não tinha o hábito de ler.
Do lado da janela ela vê uma mesinha com um livro e um caderno caderno.
My: - “O Aventureiro Monyer”. Por que você gostava tanto desse livro.
Ela fecha coloca o livro no seu colo e abre o caderno que estava marcado em uma página com uma caneta. Nesta página tinha um desenho de May com seu moletom azul e o símbolo dos “FUEGOS”, e na página ao lado, um texto que dizia:
“Acho que não deveria ter lhe recomendado este livro. Por mais que seja de todos um dos melhores que já li, seu final é terrivelmente triste. Monyer, parte para sua última batalha sem conseguir dizer o que sentia por sua amada. Mas eu o entendo, por mais que eu quisesse contar que está guardado dentro de mim, jamais tive coragem. Eu rascunhei um final melhor logo abaixo, e espero um dia poder ter a chance de lhe mostrar:
Uma criatura colossal e devastadora surgia das trevas do reino de Land-Cei, uma criatura criada na própria maldade e crueldade de seus pecados. Sedenta por vingança e justiça. Todos os guerreiros estavam fora da linha de combate. Apenas Monyer restava para lutar e o Rei o convoca para a batalha. O que ele aceita sem pestanejar. Mas antes de ir a luta, sabendo que esse poderia ser seu fim, ele vai até sua amada Sélia, e sentindo seu peito doer de agonia por não dizer a verdade, ele finalmente se declara.
M: - Lady, não poderia viver mais um dia sem lhe fazer saber tudo o que sinto por você. Para mim, tu és tão valiosa quanto o maior tesouro deste planeta e embora não seja digno de tela em minha presença, seria de um enorme honra se aceitasse jantar comigo uma noite apenas, caso eu volte com vida de minha Batalha.
S: - Teve estar me confundindo, Lord. Não sou de longe a mais bela deste reino, nem de longe a mais rica ou mais inteligente. Não venho de uma grande família e nem tenho nada a herdar. Se voltar com vida, salvará o reino, e o Rei lhe oferecerá, até mesmo sua filha em agradecimento. Poderá ter a mulher que quiser e os tesouros que bem entender. Por que gostaria de ficar comigo? Uma humilde mulher que nada tem a seu oferecer-te. E se comigo estiver, logo se encantará por alguém que é mais do que eu, e são muitas.
M: - Mi Lady, jamais esteve tão enganada. O próprio Rei me ofereceu sua filha e as mulheres que eu quisesse escolher deste reino, para partida a essa batalha. Mas eu recusei.
S: - Por que fizestes isso?
M: - Já estive na presença da mais belas mulheres deste mundo, e por nenhuma vez senti em meu peito, o que sinto por você. Já estive diante de tanta ouro que poderia comprar todos os oceanos para mim, e ainda me sobraria dinheiro, mas não poderia comprar a sensação de vela por meu único olho bom. Já me ofereceram todo o poder deste mundo, poder para pôr de joelhos cada ser que exista neste mundo, mas tudo que eu queria era um único momento próximo de ti. Mi Lady, meu coração não bate nem pela beleza, nem pelo ouro ou pela glória, mas pela mais única de todas as mulheres que já conheci. Não posso explicar o que sinto por você, mas posso dizer que é amor. Seria ganância demais pedir que sentisse o mesmo, mas morrerei feliz e contente hoje, se estiver em segurança. Eu partirei para a batalha e nem que custe minha vida, deixarei você e sua terra viver em paz. Só lhe pedirei uma única coisa, dêem-me apenas uma hora de seu tempo, para que eu possa acalmar meu coração e ter meu fim, caso eu volte vivo.
S: - Mi Lorde, se voltar desta batalha, eu lhe darei todo meu coração, jamais ouvi tais palavras serem proferidas nem nas mãos belas poesias. E jamais imaginei que alguém sentiria tal coisa por mim. Mi Lorde, leve isto - Ela lhe tira seu colar o prende ao redor do cabo de sua espada - Quero que me prometa que trará de volta e todo meu tempo será nosso. Para todo o sempre. Prometa-me, mi Lorde!
M: - Eu prometo!
Monyer, se vai para sua última batalha sem nenhuma certeza de que voltaria. Mas com a convicção de que não importa o que aconteça, ele não deixará que nenhum mal aflija sua amada."
May olha para a carta em prantos enquanto suas mãos tremiam e amassaram o caderno.
My: - Então, ele nunca volta?
FIM…