Capítulos (1 de 16) 08 May, 2023

002 - Seria Laura ou Joanne?

Henri lançou um olhar preocupado para sua mãe. "Você sentiu isso?"

"Sim," respondeu ela. "É parecida com a magia que emanava daquela bebê, mas ainda é extremamente fraca."

"O raio de expansão foi fraco. Ela não está em nosso mundo, mas não está longe do portão da Alemanha."

"Vá atrás dela e use todos os recursos necessários para garantir que ela retorne."

"Não está falando da reserva da senhora."

"Estou, sim."

"Tudo bem." Henri reverenciou sua mãe antes de deixá-la sozinha. Uma senhora se aproximou dela.

"Você acha que pode ser a princesa?" perguntou a mulher.

"Acho." Henri entrou no castelo, notando uma adolescente aguardando por ele.

"Henri," chamou ela, segurando seu braço enquanto ele continuava caminhando.

"O que você quer, Melissa?"

"Vim perguntar se já mudou de opinião e se vai aceitar minha proposta." Ele a olhou nos olhos.

"Vou deixar isso bem claro. Nunca irei me casar com uma princesa que mal saiu das fraldas."

"Ahh." Melissa o largou, vendo-o partir. "Você ainda vai se arrepender disso, Senhor Gainer."

"Gosto da minha cabeça no meu pescoço, Senhorita Rossi."

"E Craine."

"Você não tem sangue dos Craine. Logo nunca será uma Craine."

"Mas serei sua Suprema." Ele riu.

"Não é assim que funciona. Mesmo que a Suprema morra, você não será a próxima. Talvez sua filha seja, se você se casar com seu primo."

"Nunca..." Melissa foi embora furiosa, enquanto Henri entrava nos aposentos dele. O quarto de Henri, como o de todos os Guardiões no castelo, ficava em uma ala masculina destinada aos homens adultos, em sua maioria ainda jovens e solteiros.

Os Guardiões eram um grupo de homens formados pelos melhores Bruxos que Gorean tinha. Homens destinados a ir frequentemente ao mundo humano para procurar por fugitivos de seu povo e, às vezes, rastrear uma criança nascida com magia entre os Não-magi. Era função deles localizar, conhecer e exterminar se fosse necessário. Mas localizar uma bruxa com um sinal de magia tão fraco como aquele seria um trabalho extremamente difícil, isso se ela já não estivesse morta. Mas ele se recusava a pensar que Mirella poderia estar morta, afinal, ela era uma Suprema e deveria saber se defender sozinha de qualquer coisa que lhe cruzasse o caminho.

Mas Mirella nunca soube que era uma Bruxa até a noite que sua avó faleceu.

"Ela estava confundindo um conto de fadas com a realidade," sussurrou ela, enquanto Andrew lhe entregava um copo d'água.

"E se for verdade, sabe que a Vovó nunca mentiria sobre isso. Fomos criados ouvindo as mesmas histórias."

"Eu não sei." Andrew nunca foi irmão de sangue de Joanne, mas foram criados juntos sob o mesmo teto e estudaram na mesma escola até que Joanne fosse transferida. Essa era a primeira vez que ela voltava à Alemanha desde que foi embora.

"Em breve você fará 21 anos, não é?"

"Sim."

"Como uma universidade aceitou uma pessoa tão jovem assim?"

"Você sabe o motivo, e eu sou apenas uma eventual praticamente."

"Sua CDF."

"Eu não sou uma CDF, e você sabe disso." Joanne o olhou feio, encarando-o enquanto ele sentava ao lado dela, abraçando-a, fazendo-a deitar no colo dele.

"Amanhã precisaremos resolver os detalhes do velório e avisar os amigos."

"Sim. Eu sei. Vou dar alguns telefonemas logo cedo." Joanne fechou os olhos, evitando as luzes. "Eu vou dormir um pouco para ver se essa dor de cabeça passa."

"Claro." Ele a olhou, levantando-se, e notou o colar no chão. "Não vai perder isso, Joanne." Entregou o colar a ela, que o colocou no pescoço.

"Obrigada." Ela o beijou na bochecha antes de ir embora e se deitar na cama.

Joanne levantou cedo, indo até uma loja regional, onde escolheu um caixão para a avó. Avisou os amigos, que apareceram no velório, abraçando-a.

"Sinto muito, querida."

"Obrigada." Ela notou um homem desconhecido a observando de longe e o encarou, enquanto ele fazia o mesmo. "Com licença." Foi até ele.

"Quem é você?" sussurrou para ele.

"Meu nome é Henri Gainer." Ela olhou para o homem moreno de olhos âmbar.

"Depois a gente conversa." Deixou-o sozinho, e os dois se encontraram no final da tarde. Conversaram enquanto ela tomava café, passou a semana na Alemanha e retornou à estação de trem, onde comprou uma passagem para a França. Henri a observou de longe enquanto ela tentava colocar a bolsa no suporte, e ele a ajudou.

"Obrigada."

"Não foi nada." Ela reconheceu a voz dele, olhando-o, e afastou-se notando seus olhos. Sentou-se em um banco próximo à janela, enquanto ele se sentava em outro, voltando a ler o mesmo livro de poesias. Henri notou as faixas nos pulsos dela enquanto ela puxava a blusa para escondê-las, e ele pegou uma garrafa d'água enquanto tomava remédios.

"De qual clã você é?" Ele notou o saquinho de bruxa com ela.

"Não faço ideia do que está falando."

"O colar." Ele tocou o próprio pescoço, e ela pegou o saquinho, olhando-o.

"Só uma coisinha que minha avó me ensinou."

"Entendo." Ele sorriu para ela, que evitou sorrir, e ele percebeu que ela estava deprimida enquanto encostava no vidro, tocando o rosto.

Henri pegou um lenço no casaco, entregando a ela. "Senhorita." Ela o olhou.

"Não precisa."

"Por favor, aceite." Ela pegou o lenço, tocando os dedos dele com os seus, e ele sentiu uma leve magia entre eles.

"Obrigada." Ela notou as letras bordadas no lenço. "H.G.?"

"É de Henri Gainer, minha mãe gosta de bordar." Ela o olhou em silêncio, enquanto o trem fazia uma parada e ele se levantava.

"O seu lenço."

"Não precisa se preocupar com isso." Ele a reverenciou enquanto pegava a mala dela. "Eu só queria saber qual é o seu nome."

"E Laura."

"E um belo nome, Laura." Ele foi embora, enquanto ela permanecia segurando o lenço, olhando as iniciais.

"Vocês têm o mesmo nome, mas não são as mesmas pessoas." Ela pegou o lenço, sentindo o perfume, e Henri desembarcou enquanto a via indo embora. Ela pegou um táxi.

Joanne entrou no apartamento, pegando um pedaço de chocolate e indo até a vizinha, abrindo a porta.

"Oi querida, como você está?"

"Estou bem. Queria te agradecer por cuidar da Bella."

"Não foi nada. Ela é um amor." A gata circulou entre as duas mulheres enquanto se esfregava nelas, e Joanne se despediu, indo embora, enquanto a gata a seguia.

"Estava com saudades de você, sabia." A gata olhou para ela enquanto deitava no sofá, e Joanne sentou ao seu lado, onde se deitou, adormecendo. Henri entrou no apartamento dele, desfazendo as malas e guardando alguns itens pessoais. Jogou-se na cama, tirou o casaco, suspirando.

"Laura." Os meses se passaram enquanto ele viajava pela Europa procurando rastros da Princesa. Retornou a Paris, indo até a universidade.

"Não esqueçam de revisar seus e-mails para a próxima aula." Os alunos começaram a sair enquanto ela finalizava a aula, e Joanne se sentou, corrigindo algumas atividades. Henri observava as alunas, tentando rastrear algum sinal de magia. Algumas alunas o olhavam, rindo e fofocando, e ele as encarou.

"Ele olhou para mim." Elas saíram correndo, rindo, e Henri notou outra jovem sozinha, recolhendo suas coisas, passando por ele sem notá-lo.

Ele passou a semana indo até a universidade, observando-a silenciosamente. Olhou o bloco de notas dela, vendo as anotações:

Laura??? Paige

30 a 35 anos. Professora Universitária.

Leve foco de magia

"Um leve foco de magia." Ele a olhou enquanto tomava café, e Henri se matriculou em uma pós-graduação, assistindo às aulas. Escutou as conversas dos alunos.

"Logo tem viagem com a Senhorita Paige, dizem que ela é uma das melhores em história da arte."

"Mas ela parece tão jovem."

"Pois é, queria saber que idade ela realmente tem."

"Deve ter uns 32." Henri ouviu a conversa enquanto tomava café na cafeteria, e ela entrou, arrumando o cabelo. Os garotos a olharam.

"Cara, cada ano que passa parece que ela só fica mais atraente. Juro que vou convidá-la para um encontro."

"Como se ela fosse se envolver com um garotinho de 20 anos." Ele tentou conversar com ela, chamando-a pelo nome.

"Laura?" Ela o ignorou, continuando a conversar com um grupo de professores, e ele foi até a secretária da faculdade. Saiu da sala da reitora, pedindo desculpas novamente, e ela o acompanhou pela faculdade. Sentiu o perfume dela, indo até a porta e olhando para ela.

"Essa é a garota que mencionei."

"A Laura?" Ela olhou Joanne dando aula. "Ah não querido. Ela se chama Joanne, provavelmente ela não queria te falar o nome, então mentiu."

"Faz sentido. Ela é uma bruxa?"

"Não. Não tem outra bruxa nessa faculdade além de mim."

"Eu posso conversar com ela?"

"Claro." Ela o deixou sozinho, e Henri entrou no final da aula. Ela o parou, observando-o, e ele ficou sozinho com ela.

"Senhor Gainer." Ela sussurrou, olhando-o. "Está me seguindo?"

"Não, eu só... Talvez eu tenha te seguido."

"Hum. Eu podia denunciar você para a segurança do campus, sabia?"

"Não vou lhe fazer mal. Você é um pouco jovem para ser professora."

"Eu sei." Ela sorriu, pegando a bolsa. "O que você queria me perguntar?"

"Como sabe que eu pretendia perguntar algo?"

"Porque está estampado na sua cara." Ela sorriu para ele.

"Devo te chamar de Laura ou de Joanne?" Ela sorriu sem graça.

"Joanne." Ela guardou o livro.

"Por que mentiu o nome? Eu não estava te seguindo."

"Então, por que está aqui?"

"Eu vim procurar uma pessoa. Ela está em idade universitária, então pensei que pudesse ser uma estudante daqui."

"Mas você já está ficando sem esperanças, já que está nisso há uns 2 anos ou mais e nunca encontrou nenhuma pista."

"Você é boa. Estou procurando uma garota, na verdade, uma princesa entre quase 6 bilhões de pessoas, e eu nem sei como ela é. A única vez que a vi, ela era uma recém-nascida de uns dois dias."

"Complicado. Ela pode nem ter sobrevivido."

"Por favor, não diga isso." Ela o olhou.

"Me desculpe. Ela parece ser importante para você."

"Tudo bem, ela realmente já pode ter morrido... Será que podemos conversar?"

"Claro." Ele a olhou.

"Você nasceu aqui? Só pergunto isso porque eu conheço todos os clãs, e nenhum tem uma representante em Paris."

"Eu não sou uma..."

"Bruxa."

"Isso, uma bruxa." Ela o olhou, recolhendo suas coisas, e ele tocou a corrente no pescoço dela, mostrando o saquinho.

Os corredores silenciosos da universidade testemunhavam o encontro peculiar entre Henri Gainer e Joanne. Henri, determinado a desvendar mistérios, ousou questionar Joanne sobre o misterioso talismã em seu pescoço.

"Tem certeza? Normalmente, esse talismã é associado aos clãs do oeste", indagou Henri, sondando os segredos que envolviam aquela joia.

Joanne, de olhar firme, compartilhou sua verdade: "É um amuleto para afastar maus espíritos, algo que minha avó me ensinou."

A persistência de Henri se manteve, querendo entender o propósito do talismã: "E é usado para afastar outras bruxas... mas não tem efeito sobre mim", afirmou Henri enquanto ela puxou o talismã e guardando-o com firmeza.

Joanne, intrigada, continuou sua busca por respostas: "Quem você está procurando?"

"Uma bruxa. Jovem, deve ter entre 20 e 22 anos."

"Mas não há ninguém como eu nesta universidade. Eu a sentiria, assim como senti você."

As incertezas pairavam no ar quando Henri mencionou a reitora, tentando entender a dinâmica: "A reitora é uma bruxa, mas ela não sabe que você é, certo?"

"Eu não tenho magia, Sr. Gainer", afirmou Joanne, encarando-o com íris levemente arroxeadas.

"Parece que você realmente não é uma bruxa", ponderou Henri, enquanto a conversa era interrompida por Joanne: 

"Eu avisei, Sr. Gainer. E nunca mais me toque sem a minha permissão."

"Me chame apenas de Henri", solicitou ele.

"Tanto faz", respondeu Joanne, afastando-se enquanto ele a seguia pelo corredor.

A cena terminaria com uma última troca de palavras

"Qual é a sua idade e quem era sua avó?" questionou Henri.

"29. Minha avó se chamava Edith. E eu não sou uma maldita princesa, sou apenas uma professora. Está satisfeito agora, seu psicopata?" retrucou Joanne, partindo de bicicleta enquanto Henri, perplexo, refletia sobre a complexidade da situação.

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