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Esqueceu a Senha?

Capítulos (1 de 3) 11 Jun, 2018

Capítulo 3: Ensejo

Ódion estava sozinho do lado de fora da Cidade da Luz com uma criança recém-nascida nos braços.

Ele nunca saíra da cidade sozinho antes, a não ser que fosse para alguma campanha ou trabalho da realeza. Mas dessa vez era diferente. Uma vida a ele fora confiada, uma vida de deus e ele tinha como obrigação levar a criança para algum lugar seguro.

De todos os lugares que tinha em mente, nenhum era seguro o bastante para uma vida tão nobre. Até que, por um milésimo de segundo, um lugar passou por sua mente: “Vitae, O Grande Acampamento”. Era o lugar perfeito.

Vitae era famosa por ser como uma escola dos Tramondanos onde, crianças órfãs ou cujo os pais as matricularam, eram educadas e treinadas de acordo com os ensinamentos do mundo Tramondã. E, após completarem cerca idade e caso quisessem, podiam servir ao exército do Mundo da Luz.

Ódion, por ser um metamorfo, transformou-se em um grifo. E, com Athos preso entre as garras, voou em direção à Vitae para pedir ajuda ao seu amigo diretor; Damien.

[ ... ] 

A noite estava fria e o céu nublado. Em Vitae não chovia, mas a brisa fria vinha pelo ar nórdico. As enormes árvores, em especial eucaliptos ajudam a tornar a entrada do acampamento de difícil acessibilidade. Todavia, eram necessárias para ajudar na proteção do mesmo. Uma grande barreira invisível cercava todo o lugar para impedir que Tramondanos do Mundo Inferior conseguissem entrar de forma indesejada. Ou seja, qualquer um que ousasse entrar no acampamento precisaria passar pela guarda que fora enfeitiçada de modo que todos ao se aproximarem deles perdessem seus poderes até tomarem uma certa distância.

Trinta minutos de voo rápido foram necessários para que Ódion chegasse ao acampamento. Voltando à sua forma humana, o mesmo dirigiu-se a guarda do lugar com a respiração ofegante e Athos nos braços.

- Por favor, eu preciso falar com Damien. Venho em nome da deusa Atlanta. É urgente. – Ódion tentava falar em meio a respiração acelerada e aos tropeços enquanto passava pelo fim da metamorfose.

- Identificação, por favor. – A guarda do acampamento era formada por dois soldados de pedra cujas as bocas não se moviam ao falar e, a voz só podia ser ouvida a quem a fala fosse direcionada.

- Ódion. Diga que sou Ódion, Damien me conhece.

Os guardas de pedra afastaram-se da grande porta de vidro energético dando lugar para Ódion passasse.

Ao entrar, o mesmo direcionou-se para o norte do acampamento, onde se encontrava uma espécie de prédio em que Damien sempre estava.

Pela hora, todos os jovens estavam dormindo ou no mínimo em seus aposentos, o que tornou o lugar vago e silencioso. Somente em noites de torneios que todos ficavam acordados até mais tarde.

Ao entrar no prédio, Ódion pediu para que o informassem aonde Damien estava. E, antes que pudesse perceber, estava sendo conduzido por um sátiro até o terceiro e último andar do prédio. A porta da sala do diretor estava entreaberta. Ódion adentra.

- Em que posso ser ú... Ódion? O que faz aqui? Não que não seja sempre bom vê-lo, mas, o que o traz aqui a esta hora? – Damien pergunta surpreso olhando por cima dos óculos para a figura postada em sua frente.

- Damien, meu amigo, eu preciso mais do que nunca da sua ajuda. E você é o único que pode me ajudar.

- Diga-me em que posso lhe servir. – Ele diz ficando de pé mostrando ser mais alto que o amigo diante de si.

- Atlanta fora morta. E, antes de morrer, ela me pediu para proteger o seu filho.

- Então a luz branca que subiu aos céus era Atlanta?

- Infelizmente, meu amigo.

- Qual o nome da criança?

- Athos.

- Eu acho que Tramondã, por enquanto, não é o lugar mais adequado para o deus. Meu acampamento pode oferecer recursos para que Athos cresça e se torne um grande e um dos maiores guerreiros. Mas aqui não é seguro para ele, por hora.

- Para onde devo leva-lo, então? Para o mundo dos Cronix?

- Foi o que eu pensei. – Damien começa a andar pela sua grande sala com a cabeça baixa em forma pensativa. – Raven não irá querer perder tempo o procurando lá. E, como ele ainda é muito novo, a magia não se manifestou, mesmo estando presente no sangue. A medida que ele for crescendo precisará aprender a ocultar o rastro de magia, ou, podemos optar por enfeitiçá-lo de modo que a magia sempre esteja oculta no mundo Cronix.

- Mas isso impediria que ela se manifestasse enquanto ele cresce, Damien. Estaríamos praticamente tirando o direito dele de conhecer sua origem.

- É uma consequência de escondê-lo no mundo Cronix, que é nossa única opção, Ódion. Não poderemos educá-lo e ensinar a dominar os poderes lá, os rastros de magia seriam muito altos, principalmente por ele ser um deus.

- E aonde e com quem ele ficaria?

- Eu tenho um orfanato que serve de disfarce para os meus alunos que querem estudar melhor o mundo Cronix. Ele poderia ficar lá. Eu mandaria alguns guerreiros para morar com ele e você iria junto, como diretor do orfanato de modo que pudesse acompanhar o crescimento do jovem e procurar uma feiticeira ou conjuradora na hora certa.

- E quando partiríamos?

- Agora. Raven deve estar os caçando.

Ódion e Damien ficaram se entreolhando por algum tempo em silêncio pensando se a ideia de esconder Athos no Mundo Cronix era realmente cabível. Após algum tempo em silêncio, Ódion se manifesta:

- Então vamos!

- Vou chamar um feiticeiro para abrir os portais necessários e convocar alguns guerreiros. Mas lembre-se de sempre vir me contar como anda o crescimento e manifestação dos poderes de Athos. – Damien diz passando a mãe no rosto do garoto que dormia tranquilamente nos braços de Ódion. – Um pequeno garoto com um grande futuro. Que os anjos o protejam, pequenino!

Damien sai de seu escritório deixando Ódion sozinho sentado em um poltrona. Pouco tempo depois, ele aparece com duas garotas, um garoto e um homem já adulto na sala. Os três jovens eram os guerreiros que irão acompanhar Ódion na sua vida no orfanato para a criação de Athos e, o homem adulto, é o feiticeiro que irá abrir um portal de Tramondã para Cronix.

Todos repassam o plano e Damien faz Ódion prometer que irá a Vitae uma vez no mês para conversarem sobre Athos e, durante esse tempo, só irão se comunicar por carta de fogo. Fora planejado que, se algo der errado, o orfanato deve ser incendiado para apagar o rastro de magia e Athos mandado imediatamente para Vitae. Com tudo já programado, os três jovens e Ódion foram mandados para Cronix.

[ ... ]

- Ouçam todos! – Grita Raven perante a todos os habitantes do mundo inferior que se encontravam defronte ao Palácio Tenebris. –Hymngtis, meu pai, foi morto ontem à noite durante o sono enquanto estávamos em batalha. Há um traidor entre nós! – Todos começam a olhar uns para os outros pasmos com o anúncio. – Então, eu, Lady Raven, coroo-me rainha soberana de todo o Mundo Inferior. De hoje em diante sua fé e obediência deverão serem depositas em minha figura. E, como minha leal serva, nomeio Hulda.

Hulda que se encontrava cabisbaixa o tempo todo durante o pronunciamento de Raven, ergue sua cabeça vagarosamente ao ouvir seu nome e indo de encontro de sua senhoria deixando a vista para todos as linhas pretas em seu rosto surgidas a partir da realização mal sucedida da transfusão mágica.

- Uma nova era se aproxima, meus caros e, uma nova acaba de se iniciar. Seu deus foi morto e, o descendente do Mundo da Luz nascera na noite passada. Nossas vidas agora irão girar em torno de matá-lo. Ou melhor, caçá-lo e aprisioná-lo para que possa ser morto na hora certa. – Um grande silêncio invade todo o Mundo Inferior. –Isto é tudo por hoje!

Raven sai do cubelo arrastando seu grande vestido marsala adentrando o castelo junto de Hulda deixando apenas um lobisomem de guarda.

- Senhora, os curandeiros descobriram o que houve com vosso senhor? – Hulda pergunta após Raven sentar-se no trono.

- Meu pai, Hulda, está preso no limbo. Não há uma forma de trazê-lo de lá com vida. A menos que ... A menos que eu morra. Assim, a ligação entre a minha vida e a dele será interrompida!

- E se os curandeiros contarem a alguém que Sr. Hymngtis não está morto?

- Eles não irão. Estão mortos!

[ ... ]

A cesta depositada no rio que nasce no Mundo Inferior e morre no Mundo da Luz percorria de forma lenta, calma e suave. O bebê dentro da mesma dormia um sono tranquilo e assim foi durante toda a noite.

Quando o dia amanheceu, a cesta ainda continuava seguindo o percurso do rio de forma lenta. Já no Mundo da Luz, um povoado de feiticeiros estava às margens do rio realizando suas atividades até que um homem, de aparência jovem, cabelos castanhos escuros cortados na mesma altura observava uma cesta vindo no rio com um barulho muito alto de dentro dela.

O mesmo, curioso em saber o que estava causando aquele barulho desconfortável, puxou a cesta para seus braços com um movimento ímpeto de magia. Era mais pesada do que ele próprio imaginava.

Ao olhar dentro, encontrou uma criança.

O feiticeiro ficou pasmo ao encontrar uma criança abandonada no rio e, a levou para dentro de sua casa. Ao entrar, contou à sua mulher a pequena filha o ocorrido e juntos decidiram adotar a criança órfã. Ao olharem melhor na cesta, viram o cordão com o nome “Pétrus” e assim passaram a chamarem-no.

Treze anos depois ....

Os anos foram se passando de forma rápida. Tanto Athos quanto Pétrus cresceram com muito amor.

Athos vivia uma vida tranquila dentro do orfanato tendo uma convivência agradável com todos os outros “órfãos” e em especial com o Sr. McCoy, que mais parecia o seu pai.

Como havia sido combinado, Ódion e Damien se encontravam uma vez por mês em Vitae para discutirem a vida de Athos. Damien achava que estava na hora de trazer Athos para Vitae já que, aos dez anos, os primeiros sinais de poderes mágicos começaram a se manifestar no garoto e foi necessário um feiticeiro para ocultá-los. Só que, os poderes ficavam mais fortes a cada ocultação feita, o que resultava em encontros cada vez mais frequentes com um feiticeiro para ocultar os poderes e apagar a mente do garoto.

Athos estava crescendo de forma bela, puxando os traços físicos da mãe e psíquicos do pai. Era muito belo e ao mesmo tempo muito fechado dentro de si mesmo. Era um garoto simpático com quem quer que fosse, mas preferia o silêncio do quarto e o cheiro dos livros que lia.

Enquanto isso, Pétrus crescera se destacando na tribo de feiticeiros. Todos sabiam de como fora encontrado, inclusive ele. Mas isso não impedia de amar seus pais adotivos como se fossem biológicos. Pétrus, por sua idade era muito forte e estava começando a dominar com melhor eficiência as formas de lutas corporais e mágicas. Seus poderes eram os mais fortes de toda a tribo, o que o fez se tornar logo cedo uma figura de “proteção”.

Era muito belo para pouca idade. Nunca dera muita atenção às pequenas feiticeiras que dele se aproximavam. Era forte e não temia o mundo.

Certa manhã, enquanto o sol nascia e os feiticeiros da tribo dormiam, um pequeno exército de lobos e minotauros vindos do Mundo Inferior começaram a incendiar e a atacar a tribo a procura de riquezas.

Muitos feiticeiros morreram queimados sem ao menos terem a chance de lutarem por suas vidas. Pétrus, quando ouvi o barulho, logo saiu de sua casa e fora para as estradas da tribo lutar por seu povo. Era forte e ágil e, conseguiu matar vários inimigos. Mas, quando se virou, viu sua mãe e irmã serem estilhaçadas por um lobo.

Uma grande fúria invadiu seu ser e, matou o lobo com as próprias mãos enquanto chorava encima do corpo falecido de seus entes. Seu pai adotivo, ao ver a cena, virou-se para o mesmo e disse:

- Esse é o meu povo, Pétrus. E, eu morrerei por ele. Agora vá. Você é forte, corajoso e destemido. Irá se tornar o protetor de Tramondanos Lume. Vá em busca do jovem deus filho de Atlanta e lute ao lado dele com toda a sua honra e força. Defenda-nos, filho. Eu acredito em você. – O feiticeiro dizia chorando junto de Pétrus encima do corpo de sua filha e amada segurando o rosto do garoto.

Antes que Pétrus pudesse responder ao pai, fora mandado através de um portal para fora do vilarejo estando novamente sozinho no mundo.  

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