Capítulos (2 de 19) 29 Sep, 2020

Capítulo 14: O enigma da esfinge

 Mais uma vez o grupo entra no turbilhão de vento, durante todo percurso Synth viu vários potes iguais ao do bar, espalhados pelo deserto, essas aparições só aumentavam conforme o grupo se aproximava do seu objetivo secundário.

Após uma hora de viagem nós finalmente chegamos no lago da esfinge, a água é realmente muito cristalina dando para ver facilmente o que há no fundo, o lago também é cercado por palmeiras e outras moitas que proporcionam uma boa sombra para descansar.

Por mais belo que seja esse lugar, existe um detalhe na paisagem que o impede de ser chamada de oásis, as dunas de areia que cercam o lago estão cobertas por crânios humanos enfileirados, com uma rosa do deserto azul dentro de suas bocas.

- Mas que lugar bonito – Disse Taelin, com um olhar inspirador.

Em seguida, ela retira um caderno de desenho e um lápis de dentro de sua mochila.

- Vou desenha-lo, enquanto a esfinge não aparece.

Leopoldo pega a rosa azul da boca de uma das caveiras e coloca no mesmo buraco em que guarda à adaga, por fim ele faz uma posse.

- Que um modelo artístico?

- Hmmm! Não valeu, já tem caveira demais aqui.

- Tudo bem, quem sai perdendo é você mesmo, hum!

- Que estranho – Disse Synth. - Ela já deveria ter aparecido, afinal estamos no seu território certo?

- Bem, se eu não estiver enganado – Disse Joel. – O velho do bar disse que a esfinge só aparece quando alguém se banha no lago.

- É verdade, bem lembrado joel.

Synth pegou Leopoldo pelas costas e o arremessou dentro do lago, o esqueleto voou lindamente pelos ares antes de cair de cara na água, afundando logo em seguida.

- Isso realmente era necessário? – Indagou o sapinho, com um sorrisinho no rosto.

- Não, mas eu queria ver se um nóia boia e pelo visto não.

Leopoldo emergi fazendo um movimento com a cabeça quase como se estivesse jogando o cabelo molhado para trás.

- Aí galera podem vim a água tá geladinha hehehe!

Taelin rejeita o convite do esqueleto e continua a desenhar a paisagem macabra. Synth retira sua armadura pesada, para não se afogar como da outra vez e se junta ao esqueleto. Joelsun por sua vez se senta na margem do lago, onde calmamente retira as pantufas de gatinho e massageia os seus pés cansados de tanto correr. Quando o sapinho estava preste-se a colocar os seus pés na água cristalina, ele e todos ali são surpreendidos pela a esfinge, que desce dos céus.

- Não ouse contaminar o meu lago com o seu chulé – Disse o monstro.

A esfinge possui o corpo de um leão, asas de um grande pássaro e a cabeça de uma bela mulher, com olhos amarelos bem penetrantes. Seu longo e volumoso cabelo é enfeitado com os crânios de suas vítimas, que foram amarrados nas suas longas mechas emaranhadas.

Joelsun ficou surpreso com as palavras ditas pela esfinge, ele não esperava que a má fama da sua raça seria conhecida até mesmo no deserto e por uma criatura mística.

- Vejam só quem resolveu dar o ar de sua graça – Disse Synth, saindo do lago acompanhado por Leopoldo.

- Já estava começando a me questionar se esse era o lago certo, mas agora que está aqui podemos finalmente começar – Synth termina de vestir sua armadura pesada.

- Então vocês estavam a minha procura?

- Sim, viemos aqui para acabar com o seu jogo doentio.

- E o meu pé é cheiroso – Acrescentou Joelsun, irritado.

- Hm! Interessante, eu os parabenizo pela coragem de terem vindo até o meu lago me desafiar, contudo vão precisar de muito mais do que só coragem para me decifrar.

- Não se preocupe, temos o que é necessário para acabar com você, monstro – Disse Joel ainda furioso pelo insulto.

- Pois bem, se ao menos um de vocês conseguir responder corretamente todos os meus enigmas, eu aceitarei a derrota. E então, quem irá começar?

Taelin senta no chão, com as pernas cruzadas e começa a desenhar – Bem, deixo a tarefa de desvendar os enigmas nas suas mãos papai, pois as minhas estarão muito ocupadas agora desenhado está belíssima fera.

- Esperai, você pretende desenhar esse monstro? Por qual motivo? – Disse joel.

- Para atualizar o meu livrinho de monstros.

- Hahaha! Então você continua atualizando aquele bestiário infantil.

- Sim, eu ainda não desistir do meu sonho, papai – Taelin rapidamente folheia algumas páginas do seu livro, exibindo os seus desenhos de monstros, porém todos com um visual infantil.

- Você fará parte da minha coleção agora, senhora esfinge.

- Hm! Pode me desenhar a vontade – Disse a esfinge. – Porém, tenho um pequeno favor a ti pedir, capriche no meu nariz.

Taelin responde com um sorriso e um joinha.

- Isso tá demorando demais já – Disse Leopoldo, impaciente. – Aí esfinge pode mandar os enigmas que eu vou responder tudo sozinho, tô doidinho pra sair daqui e ir pra praia.

- De jeito nenhum – Disse Joel. – Você é a última pessoa a qual nós confiaríamos essa missão, afasta-se! Eu irei decifrar os enigmas deste monstro.

- Tem certeza disso?

- Synth, não me leve a mal, mas quando a batalha exige um maior esforço mental, eu sou o cara mais adequado para a tarefa, pois sou o membro mais sapiente do grupo.

- Bem, você é mesmo o único sapo do grupo então pode começar.

- Obrigado... Esfinge! Eu estou pronto para decifra-la.

- Muito bem, então diga-me o que é o que é? Nunca volta, embora nunca tenha ido.

Joelsun é um guerreiro muito forte e inteligente, que segue arrisca o seu código honra, porém, ao ouvir tal pergunta ele só conseguiu reagir de uma maneira.

- Hã?

- Resposta errada.

A esfinge então enterra o pobre sapinho até o pescoço.

- A resposta certa seria o Passado.

- Porra Joel, pagou de foda e perdeu no primeiro enigma, que decepção.

- E-e-eu não tive tempo para pensar, foi tudo rápido demais...

Joel olha diretamente para a esfinge – Seu monstro perverso, você trapaceou! Não me deu tempo para pensar e me enterrou sem mais nem menos.

Após receber a acusação de Joel, a esfinge abre suas gigantescas asas em tom de ameaça, seus olhos amarelos tornam-se ainda mais assustadores e, após dar um grito que mais se assemelhava a um rugido ela diz.

- Como ousa dizer que sou uma trapaceira, seu girino insolente!

- A culpa por ter perdido é exclusivamente sua, que ao invés de pensar na resposta com calma disse quase que de imediato Hã!

- O que! Você interpretou esse som de surpresa como sendo a minha resposta? Só pode estar brincando.

A esfinge bateu a pata no chão com força – Depois de ouvir o enigma, a primeira palavra que deve sair de sua boca é a resposta e nada mais, do contrário acabará dessa forma. Hm! Achei que por ser tão sapiente não haveria necessidade de dizer isso.

De repente, joel teve uma epifania – Você fez isso de propósito! Sua desgraçada!

Uma risada sarcástica sucedeu a frase do pobre sapinho enterrado – Hm! Pelo menos isso tu foi capaz de entender com exatidão, agora cale-se para que o jogo possa continuar.

- Eu vou agora – Disse Synth, com a mão levantada.

- Pode mandar os enigmas que o pai aqui vai adivinhar tudo de primeira.

- Espero que não esteja falando isso só da boca pra fora como o seu amigo.

- Desgraçada!

- Vamos começar, o que é o que é? O animal que não vale mais nada.

- O javali – Disse synth, após pensar um pouco.

- Oh! Ao menos uma já acertou, parabéns. O que é o que é? Sentado, fica alto, e em pé é baixo.

- O cachorro.

- Correto novamente. O que é o que é? Tem coroa, mas não é rei; tem espinho, mas não é peixe.

Synth toca a sua coroa negra e responde – O abacaxi.

- Correto novamente. Não esperava que fosse durar tanto tempo assim guerreiro, achava que você não passava de um simples homem convencido.

- Hm! Até mesmo eu sei que não dá para investir todos os pontos apenas em força, é necessário upar todas as outras habilidades para se tornar um poderoso aventureiro, guarde essas palavras Joel.

O sapinho resmungou alguma coisa bem baixinho, que não deu para ser ouvido por ninguém, porém bastava olhar para o seu rosto bastante enrugado para saber que ele estava profundamente irritado com a situação.

A esfinge fica de pé, mas com suas asas encolhidas – Nosso jogo se aproxima do fim sábio guerreiro, se você for capaz de responder corretamente os dois próximos enigmas, eu aceitarei a derrota e libertarei o seu amigo convencido.

- Hm! Eu não sei se ele merece – Synth encara joelsun, com um olhar malicioso. – Acho que vou deixa-lo enterrado mesmo hahaha!

- Pare de gracinha e ande logo com isso, eu preciso sair daqui rápido ou a coceira no meu pé vai me deixar maluco.

- Que bom, quem sabe assim você deixa de ser arrogante, vamos lá esfinge pode mandar os enigmas.

- Pois bem, diga-me o que é o que é? Tem cabeça e tem dente, não é bicho nem gente.

- O alho, essa é bem velha.

- Está certa a resposta, agora vamos ao último desafio, responda-me guerreiro o que é o que é? Tem pescoço e não tem cabeça, tem braços e não tem mãos, tem corpo e não tem pernas.

‘’Que porra é essa!’’ Foi a primeira coisa que me veio à mente. Que tipo de criatura possui apenas pescoço, braços e corpo? Seria uma espécie rara de leproso? Minha mente trabalhava sem parar, cada um dos meus neurônios se esforçavam ao máximo para encontrar a resposta, porém nem mesmo uma pista eu obtive.

Cansado de tentar buscar a resposta na minha mente tentei encontra-la ao meu redor, enterrado do meu lado estava joel, com um sorriso que dizia claramente ‘’Agora é a sua vez otário’’. Continuei a observar o mundo a minha volta e só então reparei que Leopoldo estava longe da gente, mas não só isso, ele estava agachado mexendo na areia, não conseguir ver o que ele estava fazendo e também não me esforcei para descobrir, o mais importante agora é saber a resposta do enigma.

- Caro guerreiro – Disse a esfinge. - Se não sabe qual é a resposta certa chute ou aceite a derrota logo de uma vez. Ficar olhando para um lado e para o outro desesperado atrás da resposta não irá adiantar em nada, vários tentaram e todos terminaram enterrados.

- Vamos, aceite a derrota – Um sorriso maléfico se formou no rosto feminino da criatura.

- Ufa! Finalmente terminei de desenhar as suas asas – Disse Taelin.

- Agora falta pouco para eu terminar o seu desenho, senhora esfinge.

- Agradeço a dedicação, criança, mas isso não me fará poupar a vida do seu pai e a dos seus amigos.

- Opa! Opa! Opa! Não estou a desenhando com esse intuito senhora esfinge – Taelin encara Synth. – Até porque sei que o meu papai é capaz de resolver esse enigma.

O sorriso inocente de Taelin aqueceu meu coração e o pequeno desenho na ponta da folha do seu caderno meu deu a resposta do enigma. Com o dedo do meio Taelin apontava para o pequeno desenho de uma armadura, no momento eu não entendi o motivo daquilo, mas após pensar um pouco essa é a resposta afinal a armadura tem pescoço, braços e corpo.

- A resposta do enigma é a armadura!

- Hm! Hahaha! Que pena, a resposta está errada.

Após a esfinge bater com a pata no chão, Synth foi enterrado até o pescoço, bem do lado de Joel.

- Errada! Você só pode estar maluca – Disse Synth, furioso.

- Sua respostava estava quase certa, guerreiro, você errou em dizer apenas ‘’Armadura’’ O correto seria ‘’Armadura peitoral’’.

Uma fúria incontrolável se apoderou de Synth – Sua puta! Isso é trapaça, o joel tava certo você não passa de uma trapaceira de merda!

- Eu avisei, mas você me ouviu? Não!

Silêncio! – Disse a esfinge, erguendo suas asas em tom de ameaça. – Perdedores sempre usam desculpa esfarrapadas como essa, deveria ficar envergonhado guerreiro, por mais que não tenho conseguido me decifrar, você chegou bem longe.

- Desgraçada, eu não vou aceitar essa derrota!

- Do que está falando? A batalha ainda não acabou, ainda resta um de vocês.

- Resta um? – Disse Synth. – Está falando da minha filhinha?

- Não, estou falando dele.

O último oponente que a esfinge mencionou não era Taelin, mas sim Leopoldo. Após Synth ser enterrado o esqueleto levantou do chão, revelando que todo esse tempo ele estava fazendo um pequeno castelinho de areia, bem mal feito por sinal.

- Eae galera, posso entrar na brincadeira também? Hehehe!

- Perdemo – Disse Joel em tom de desesperança.

- Ainda não. Ai! Leopoldo, se você responder os enigmas dessa desgraçada, eu prometo que compro todas as suas artes.

- Sério?! Até mesmo aquela ali? – Leopoldo aponta para o bizarro castelinho de areia.

- Sim, sim, agora por favor concentre-se em desvendar os enigmas.

- Você acha mesmo que o Leopoldo, chapado, vai conseguir? – Disse Joel.

- Eu quero acreditar que sim.

- Pode deixar comigo Synth, eu com certeza irei derrota-la.

- Boa, é assim que se fala.

- Hoje eu tô me sentido bem ixperto hehe!

Joel olha para Synth – Nem uma palavra.

- Eu estou pronto bicho feio, pode mandar as charadinhas hehehe!

- Pois bem, diga-me o que é o que é? Enche uma casa, mas não enche uma mão.

- Droga! Estamos perdidos! Perdidos! Não tem como um esqueleto chapado desvendar um enigma dessa magnitude, Synth.

- Cala a boca Joel, se você continuar falando essas coisas o Leopoldo não vai conseguir se concentrar.

- E do que adianta ele se concentrar todo e no final dar a resposta errada.

- O botão – Disse Leopoldo.

Joel fechou os olhos e virou o rosto pronto para receber a má notícia, contudo as palavras que saíram da boca do monstro não foram as que ele esperava.

- Hm! Muito bem, sua resposta está correta.

- A resposta está certa! Mas como pode?!

- Cala a boca Joel! – Disse Synth, nervoso. – Se ela disse que o Leopoldo acertou é porque ele acertou e ponto final, porra.

- Não pode ser, ele deve ter chutado essa resposta.

- Se foi chute ou não o que importa é que ele acertou, agora pare de reclamar e me deixa sonhar.

- Por que você tem tanta certeza de que ele vai conseguir?

- Porque a única coisa que nos restou é acreditar nele.

As palavras de Synth fizeram joel ter uma nova epifania e depois de finalmente perceber o que estava fazendo, ele vira seu rosto para o outro lado sem dizer uma só palavra.

Eu entendo a revolta de Joel, descobrir que toda sua sapiência não se equipara a cabeça ecoa de um esqueleto chapado é bastante triste mesmo.

Mas também quem iria imaginar que tomar leite de coco faria do Leopoldo um intelectual da noite para o dia? Meu único medo é que esse boost de inteligência termine antes que ele possa responder todos os enigmas.

- Resposta certa – Disse a esfinge. – Estou impressionado com o seu conhecimento, esqueleto.

- Até hoje ninguém foi capaz de resolver tantos enigmas, meus parabéns.

-Hehe! Obrigado, mas vem cá quando é que essa brincadeira vai acabar? Hein! Eu quero ir pra praia antes do pôr do sol sabe.

- Não se preocupe, já estamos no final, basta responder só mais dois enigmas e eu libertarei seus amigos.

- Manda.

- Pois bem, diga-me o que é o que é? Pode passar diante do sol sem fazer sombra.

Após ouvir o enigma Leopoldo ficou um bom tempo em silêncio, com a mão no queixo, provavelmente pensando na resposta, porém, de repente ele virou seu rosto pra cima e abriu a boca o máximo que podia. Ele ficou nessa posse bizarra por muito, muito tempo mesmo e eu não faço ideia o porquê disso.

- Synth – Disse Joel. – Será que de tanto pensar ele morreu?

- Já sei! – Gritou Leopoldo. – A resposta é o Vento.

- Meus parabéns, está certa a resposta.

- Boa Leopoldo – Disse Synth. - Agora só falta mais uma, você consegue cara!

- Valeu pela confiança Synth, eu te amo cara.

- É uma pena que o nosso jogo esteja chegando ao fim, eu adorei brincar com você, esqueleto.

- Digo o mesmo bicho feio, agora manda a última charada aí para eu resolver e cair fora.

- Hahahaha! Dessa vez não será tão fácil, eu guardei o meu enigma mais difícil para o final.

- Diga-me esqueleto, o que é o que é? Corre com os pés na cabeça.

- ...HE! Hehe! Hehehehehehehehe! Um bicho que corre com os pés na cabeça? Hehehehehe!

Enquanto Leopoldo ria, eu e joel suávamos frio pois sabíamos que em breve ele também seria enterrando... Ao menos era o que eu esperava, já que a primeira palavra que saiu de sua boca não foi a resposta do enigma, porém pelo que parece a esfinge só usou essa regra no joel, acho que porque o sapinho estava muito convencido da sua vitória.

- Ei! Pessoal, vocês conseguem imaginar isso? Um bicho que corre com os pés na cabeça?

- Hehehehehehehehehehehehehehehehehehe!

- Droga o leite de coco pirou de vez com a cabeça dele – Disse Joel.

Leopoldo caiu no chão rolando de dar risada, depois ele se arrasta até a cabeça de Synth e passa a mão no seu cabelo.

- Você consegue imaginar isso cara? Hehehehehehe!

- Concentre-se no enigma, Leopoldo por favor – Respondeu Synth, desesperado.

- Isso mesmo – Disse a esfinge, se cansando das risadas do esqueleto – Pare de rir e me dê a resposta ou irei enterra-lo.

- Hehehehe! Bem.... A verdade é que eu nã-

Quando Leopoldo estava prestes a assumir a derrota, a resposta do enigma passa do cabelo de Synth para o seu dedo esquelético.

- Eu sei a resposta! Hehehehe Só poderia ser isso é claro Hehehehe! Como não descobrir antes? Hehehehehe!

- A resposta é o piolho!

Sem dizer uma só palavra, a esfinge sorri e desenterra Synth e joel.

- Argh! Finalmente – Disse Joel coçando a sola do pé. – Ahhh! Que delícia.

- Meus parabéns, você me decifrou completamente – Enquanto falava a esfinge e a pouco a pouco se desfazendo em areia, que era levada pelo vento.

- Depois de tantos de anos eu finalmente fui derrotada, mas me despeço desse mundo com o coração alegre por te conhecido alguém tão sábio quanto um deus, obrigado esqueleto.

Leopoldo responde aos elogios da esfinge, com um simples – Já é.

- Opa! Opa! Opa! Não vá embora antes de ver a minha obra de arte – Disse Taelin, sorrindo.

- Então você conseguiu terminar o meu desenho a tempo, rápido deixe-me ver se você foi realmente capaz de capturar toda a minha beleza e imponência.

Taelin vira o caderno, assim como os outros desenhos que a arqueirinha havia mostrando antes esse também possuí um traço muito fofinho e infantil. Rodeada pelos crânios enterrados na areia está a esfinge, com um sorriso inocente no rosto, suas bochechas estão rosadas e o seu nariz é fino e comprido.

- Droga o meu nariz ficou muito grande. - Após dizer suas últimas palavras a esfinge se desfaz totalmente.

- Leopoldo! – Disse Synth, agarrando o esqueleto. – Você conseguiu, você salvou a gente cara.

- Hehehe! Não foi nada mano, eu faço qualquer coisa para ajudar os meus amigos.

O lado bom de Leopoldo está chapado, além da sua incrível inteligência, é que ele perde todo aquela arrogância, pois caso contrário ele estaria nesse exato momento se vangloriando por ter salvado a minha vida... Hm! Talvez eu deva batizar algumas garrafas de leite, pra quando ele tiver me enchendo o saco.

- Leopoldo – Disse Joel, envergonhado.

O sapinho se curva na frente do esqueleto – Por favor me perdoe! Eu o julguei mal e disse coisas terríveis. Eu não conseguia crer que você seria capaz de resolver os enigmas... Me desculpe.

- Ehhh! Quis coisas terríveis? Eu tava numa viagem tão boa que não escutei nada Hehehe!

- Sério?

- Sim, enquanto aquele bicho feio falava, eu tava batendo papo com um palhaço unicórnio muito gente boa, ele até me deu as respostas de algumas charadas.

- Ele ainda tá aqui? – Disse Synth.

- Não, do nada ele começou a murchar como um balão e saiu voando pelo céu... Aonde você está, PapapÁ?

- Um unicórnio murchando como um balão? – Os olhos de Taelin começam a brilhar.

- Que maneiro! Vou começar a beber leite de coco também, para desenhar essas loucuras.

- Bem, enquanto vocês conversam com os unicórnios ou sei lá o que, eu vou tomar um bainho porque tem areia até na minha cueca.

- Então você não ouviu nada mesmo?

Leopoldo balança a cabeça para um lado e para o outro - Nenhum coaxar.

- Bem, mesmo assim eu peço desculpas pela minha atitude.

- Ahhh! Larga mão pé de chulé, acabamos de derrotar o bicho feio agora é o momento de comemorar Hehehe.

Após fazer um ‘’Hang loose’’ Leopoldo pega sua ‘’Tilápia Enrijecida’’ e corre na direção do lago, ele joga a espada na água e pula em cima dela, surpreendentemente o peixe espada boia igual a uma prancha, porém, sem as ondas do mar o esqueleto não é capaz de surfar de verdade.

- Hmmm! Surfar em um lago não é tão legal – Disse o esqueleto, deitado de bruços na prancha.

- To chateado.

- Ora! anime-se Leopoldo, o lago está prestes a ficar agitado.

Com o poder das manoplas ativados Synth começa a bater na água, o que acaba criando ondas grandes o suficiente para que Leopoldo possa enfim surfar.

- Hehehehehe Valeu Synth! Agora eu posso tirar onda de verdade, saca só.

- Ohhh! Um esqueleto surfando no deserto! Esse é o tipo de coisa que eu preciso desenhar.

Eu estou atrás das ondas e por esse motivo não consigo ver nenhuma das acrobacias do Leopoldo, porém há julgar pelo sorriso e os olhos brilhantes da minha filhinha desenhando todos os movimentos do esqueleto, com muito afinco, eu só posso dizer que deve ser legal. Fico me perguntando se isso é fruto do leite de coco ou habilidade do próprio Leopoldo, espero que ele volte ao normal para que eu possa sanar essa dúvida.

- Aí Leopoldo, eu vou ter que parar agora cara, meus braços já não estão mais aguentando.

- Ahhhh! Aguenta só mais um pouquinho Synth, eu to na crista da onda cara hehehe!

- Hmmmm! Não vai dá cara, eu to muito cansado, essa será a minha última onda.

Dito isto, usei toda a força que restava em meus braços para fazer uma onda gigantesca, ao ver a imensa onda se aproximando Joelsun tentou fugir, porém como não estava usando suas pantufas ele não conseguiu e acabou sendo arrastado pela onda, junto com Leopoldo.

Talvez eu tenha exagerada um pouquinho nesse final, pois os dois foram parar na outra margem do lago e quando os vi novamente, Joel estava carregando Leopoldo nos ombros e segurando a espada prancha na outra mão. Para minha surpresa e grande felicidade Leopoldo estava bem e os seus olhos não estavam mais vermelhos, contudo, o esqueleto não acordava.

Eu o peguei pelos braços e chacoalhei o máximo que pude, depois dei alguns tapas na sua cara para ver se ele acordava, mas nada surtia efeito.

- Ei! Joel será que ele bateu a cabeça numa pedra e se afogou? – Disse o aventureiro, desesperado.

- Se afogar? Leopoldo é um esqueleto, Synth, se esqueceu?

Synth encosta o ouvido no peito de Leopoldo, porém rapidamente se afasta.

– Droga! Eu esqueci, ele não tem coração! Nem pulso! E nem respiração!

- Como caralhos é que eu vou saber se esse desgraçado tá vivo?!!!

- Tai uma boa pergunta – Disse Joel, pensativo. – Talvez um necromante possa responde-la.

- A magia que mantem os esqueletos ‘’vivos’’ fica dentro do crânio – Disse Taelin.

- Essa magia só desaparece se o crânio sofrer um dano severo, o que não parece ser o caso aqui, mas, o Leopoldo tem uma rachadura na cabeça não tem? Onde ele guarda à adaga.

- O que você quer dizer com isso?

- Talvez a magia esteja vazando pela rachadura.

- Não, isso é impossível – Disse Synth. – A minha Darkwave detectaria esse fluxo de magia na mesma hora, mas, talvez essa adaga possa ter algo haver com o que tá acontecendo.

Synth segura calmamente o punho da adaga e se prepara para puxa-la de uma só vez, porém, antes que pudesse fazer isso Leopoldo segura o seu braço.

- Ei! Perdeu alguma coisa na minha cabeça? – Disse ele, com uma voz bem fraca.

- Leopoldo! Você tá vivo! – Synth abraça o esqueleto.

- É claro que estou vivo eu nunca morri e ei! Por que estamos dentro de um lago?

- Hã! Você não se lembra como veio parar aqui? – Disse Joel.

- Não, depois de tomar aquele Argh! Aquele leite de coco eu apaguei, não lembro de mais nada depois disso.

- Ahhh! Então deixa que eu te conto tudo – Disse Synth, com um sorriso malicioso. - Mas antes vamos sair do lago Brrrr! Estou começando a ficar com frio.

- Bem, depois que você capotou, uma mulher desesperada entrou no bar pedido para alguém salvar o seu filho das garras de uma terrível esfinge, mesmo não havendo uma recompensa nós aceitamos fazer o trabalho de graça.

- Ficamos sabendo que esse lago era o habitat da esfinge então viemos para cá, como você estava fora de combate eu sozinho me encarreguei de derrotar o monstro sem grandes dificuldades e bem, isso é tudo.

Leopoldo reflete por um tempo, coçando o queixo com a mão e diz – Isso é mentira, você jamais faria um trabalho de graça ainda mais para um desconhecido.

- Ora que é isso Leopoldo, eu amo fazer caridade cara.

- Por incrível que pareça – Disse Taelin. – Essa parte da história é verdade Leopoldo, agora o que não é, papai que coisa feia tentando roubar o mérito do Leopoldo na cara dura.

- Ah! Sobre isso não precisava nem ter falado Taelin, tava na cara que era mentira, o Synth jamais derrotaria um monstro bolado sem a minha ajuda.

- Filhinha, desmentir os mais velhos é feio.

- Mentir também é feio papai.

- Hm! Bem, se não acredita em mim porque não pergunta a Joelsun quem de fato derrotou a esfinge?

- Por que eu? – Disse o pobre sapinho.

- Tem razão, Joelsun é um cavaleiro honrado e ao contrário de você ele não seria capaz de mentir. Diga Joelsun, o Synth conseguiu mesmo derrotar a esfinge sozinho?

- Bom... – Joel começa a suar de nervoso enquanto olha para os dois várias vezes seguidas, após pensar bastante o sapinho terminar por dizer.

- Sim, o Synth sozinho conseguiu derrotar aquela abominável criatura.

- Hahahaha! Escutou bem Leopoldo, fui eu que derrotei a esfinge Hahahaha! Acho bom se acostumar com a ideia que eu te salvei.

- Nossa Joel eu não esperava isso de você – Disse Taelin, decepcionada.

Joel não diz nada, apenas continuo com a cabeça baixa.

- Joel – Disse Leopoldo, após uma breve pausa. – Quanto foi que ele te pagou pra dizer isso? Eu te dou o dobro pra falar a verdade.

- Eh! Leopoldo... Tudo que eu disse foi a mais pura verdade, Synth de fato conseguiu realizar tal feito.

- É mentira! Eu sei que é, dá pra ver no sorriso dele.

Synth exibe os seus grandes dentes dando um largo sorriso – Esse é o sorriso de alguém que salvou a pobre vida de um esqueleto indefeso hoje hahahaha!

- Eu vou me lembrar disso podem ter certa, rezem para que eu não precise salvar a vida de vocês tão cedo porque quando isso acontecer irei zoar tanto vocês que iram deixar estarem mortos.

- Ohh! Leopoldo também não precisa pegar pilha cara, calma, não dá pra vencer todas hahahaha!

- Vai se ferrar Synth! – Leopoldo pega o seu peixe- espada e começa a andar.

- Aí! Joel, valeu mesmo por ter dito aquilo cara, se esse esqueleto maldito soubesse que salvou a minha vida enquanto tava chapado, ele nunca mais iria parar de me zoar. Valeu mesmo cara.

- Ei! Leopoldo espera a gente cara.

Taelin passar por joel, balançando a cabeça em sinal de reprovação. Por mais que o sapinho tentasse o seu orgulho não o permitia aceitar ser inferior intelectualmente a um esqueleto chapado. Após derrotarem a esfinge o grupo de Synth seguiu viagem em direção a pirâmide do faraó, porém o que eles não sabem é que Fanus e Belladona já haviam chegando na pirâmide.

Os dois sobem as escadas da pirâmide em direção ao último andar, onde fica o quarto do faraó. Ao abrirem a porta do quarto eles se deparam com o faraó vestindo uma túnica branca e com várias peças de roupas espalhadas pelo chão.

- Vossa majestade – Disse Belladona, ajoelhada. – Nós conseguimos resgatar o Olho de Hórus.

- Ah! Legal, pode deixar em cima do criado mudo – Disse o faraó, sem nem ao menos olhar para Belladona.

- Eh! Majestade nós trouxemos o Olho de Hórus!

- Sim, eu ouvi da primeira que você falou, mas no momento estou ocupado escolhendo um novo visual e não posso ver isso agora.

Belladona olha incrédula para Fanus que só consegue rir da situação.

- Majestade – Disse a guardiã, espantada. – O que está em minhas mãos irá te conceder o poder do sol, o poder para governar o deserto, o mundo!

- Eu sei disso, mas eu não posso simplesmente governar o mundo todo usando essas roupas super ultrapassadas. Estou usando essa maldita túnica a décadas, preciso de algo novo e belo urgentemente!

- Mas majestade, se mesmo depois de décadas passadas você continua usando essa túnica, isso não significa que ela tem um... Ótimo tecido?

Com um olhar de desprezo sobre os ombros, o faraó respondeu - Hm! E o que uma múmia como você entenderia sobre roupas? Me poupe.

Belladona olha novamente para Fanus quase que implorando para que ele dissesse algo, mas tudo que o cangaceiro sabia fazer era dar risada da situação. Então cansada de toda aquela conversa ridícula e sem mais argumentos para contrapor o faraó, a guardiã perde a cabeça e grita.

- O que tem de tão importante em um maldito pedaço de pano?!

Após ouvir isso Sand’Uicchi parou de mexer nas peças de roupas e olhou diretamente para Belladona.

- As roupas dizem muito sobre quem somos, só de olhar para a forma como o Fanus se veste eu sei exatamente o seu estilo de luta e personalidade, mas eu não posso dizer o mesmo sobre os meus ancestrais.

- Quando olho para a pintura ou estatua de um faraó antigo, sempre vejo um homem vestindo uma túnica, com um adorno dourado sobre a cabeça e segurando o cajado e o chicote em cada mão. Eu não quero ser lembrando apenas como só mais, quero criar o meu próprio estilo.

- Um estilo único e belo, capaz de transcender o tempo para que mesmo daqui a 100 milhão de anos, alguém olhe para minha estatua e saiba na hora que tratasse do maior e mais belo faraó que já existiu, eu, SAND’UICCHI!

- Espero que agora tenha ficado claro? – Encerrou o faraó, olhando com menosprezo para Belladona.

- Peço desculpas majestade – Disse Belladona. – Não irei incomoda-lo novamente.

- Acho bom Sniff! Sniff! Sniff! Ei, vocês estão sentindo esse cheiro?

- Qual cheiro, majestade?

- Eu também to sentindo – Disse Fanus. - Cheiro de roupa velha.

Após ouvir o comentário do cangaceiro, o faraó estica sua túnica e dá uma forte fungada descobrindo assim a origem do mal cheiro.

- Argh! Essa túnica maldita está fedendo a mofo – E sem pensar duas vezes Sand’Uicchi retira a túnica, ficando completamente nu.

Mesmo sendo um homem o corpo de Sand’Uicchi é bastante feminino e por esse motivo ele breve se vestir como uma mulher ao invés de um homem. Seu corpo também está repleto de rachaduras que irradiam luz e calor igual ao sol, a luz fica mais forte conforme o estado emocional do faraó.

- Ahhh! Bem melhor, me sinto leve agora.

O faraó faz uma pose bastante sugestiva, olhando diretamente para Fanus.

- O que acha do meu lindo corpo, ele te excita?

- Tá me estranhando porra! Eu sou espada!!! Gosto é de mulher. – Respondeu curto e grosso o guardião.

- Hahaha! Eu só te fiz uma pergunta Fanus, não precisava ficar tão bravo assim... Mas eu compreendo.

Sand’Uicchi começa a andar na direção do cangaceiro – Você deve estar mesmo muito estressado, afinal de contas acabou de acordar de um sono de décadas e já teve de sair pelo deserto a fora atrás desse medalhão, sem nenhum momento de descanso.

Sand’Uicchi coloca as mãos nos ombros de Fanus e diz, com uma voz serena.

- Se quiser eu posso ajuda-lo a relaxar um pouco.

Fanus afastou as mãos do faraó e gritou - Vá ajuda a peste! – Em seguida, ele foi embora furioso e constrangido.

Belladona também já estava indo embora quando o faraó a pegou pelo braço e arrastou para o meio das roupas.

- Mas de jeito nenhum você vai embora, não posso permitir que a minha guardiã ande por aí parecendo uma múmia. Venha cá, separei algumas roupas perfeitas para você.

- Que maravilha – Respondeu a guardiã, desanimada.

Fanus saiu furioso dos aposentos do faraó e foi esfriar a cabeça no seu quarto, após se acalmar, o cangaceiro sacou a sua chaleira e começou a encher a bacia de ouro no centro do quarto. Essa bacia é bem larga e bem rasa, igual a uma Vitória-régia, sob a bacia há quatro estatuas de ouro de camelos, que servem como pilares. A única parte visível das estatuas é a cabeça, que aparece na lateral da bacia.

Depois de encher a bacia Fanus sentou numa cadeira e ficou olhando para a água cristalina, aos poucos uma imagem surgiu na água, a imagem de Synth e o seu grupo correndo a todo vapor dentro do Caravan Palace. Ver Leopoldo vindo em direção a pirâmide deixou o cangaceiro dourado bastante excitado.

- Hahahaha! Venha logo caveirinha maldita, estou louco para continuar a nossa peleja. 

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