Capítulos (2 de 50) 26 Jul, 2020
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- Os Pelegrini estão investindo alto nos seus estudos hein? – Davi riu sem graça, ele lembrava que Pedro não gostava muito dos pais adotivos, mas parecia que eles estavam se dando bem.
Pedro não respondeu, e o gole de suco que tinha tomado parecia descer como uma pedra em sua garganta. Ele tinha certeza, Davi havia ‘perdido’ suas memórias de alguma forma.
Terminado o intervalo, cada um seguiu para a sua aula. A sua primeira aula do dia seria ‘Propagação de Ondas’, e ele estava ansioso para verificar se as ideias que ele havia testado faziam sentido.
***
Um mês se passou, e o trio havia criado uma espécie de rotina, se encontravam, Morgana e Pedro travavam um embate em silêncio, até um deles se cansar e deixar a mesa. E como chegara a época dos trabalhos avaliativos, Davi ficava cada vez mais sozinho.
- Tá tristinho?
- Não.
- Mas não precisa ser grosso, eu aqui querendo ser um bom amigo...
- Não tô querendo drama, Lucas.
- Tá bravinho agora?
- Não.
- Deixa de ser chato Davi... Já sei! Bora fazer uns ‘booms!’e ‘kabuns!’, vai te ajudar a aliviar a tensão.
- Dessa vez você teve uma boa ideia!
- Ei! Minhas ideias são sempre espe-taculares tá bom!
Davi se levantou do seu ponto preferido dos Campos Elísios e olhou colina abaixo com um sorriso maquiavélico.
***
- Então... O que eu posso fazer? – Susana perguntou depois de ter esperado Morgana selecionar os livros, carrega-los todos ao mesmo tempo para a mesa e começar a fazer anotações.
Morgana deixou escapar um sorriso desinibido. Susana Maia. Uma coincidência feliz. Em sua busca por um meio de conseguir acesso à arquivos do SET não disponíveis para o público geral, Morgana
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verificou as fichas dos alunos da classe Eniac – especialistas em tecnologia, programação e inteligência artificial – e localizou a pessoa ideal, um aluno da turma Kamp chamado Algusto Maia, 22 anos, cabelos verde-escuros quase pretos, e olhos de um rosa familiar. O rapaz ser irmão da única colega de turma que Morgana tolerava era apenas um bônus que facilitava ela conseguir o que ela precisava – um programa específico para gerar uma conta capaz de acessar o SET, e talvez a base EDB do exército.
A oportunidade de se aproximar de Susana apareceu quando o professor de Anatomia Turra passou um trabalho em dupla. Apesar do círculo de colegas que a cercaram para conseguir que Morgana fizesse o trabalho com ou para eles, a garota manteve a compostura e se dirigiu à garota de cabelos verdes. Susana tinha um sorriso tímido, e Morgana se esforçava para lembrar de não perder o foco, ela precisava do programa.
No dia seguinte havia um horário vago pela manhã. Morgana combinou delas se encontrarem em frente à Biblioteca. Depois de Morgana ter carregado todos os livros de referência para a mesa, mal Susana havia sentado ao seu lado, a garota de cabelos escuros se pôs a fazer anotações. Minutos de silêncio desconfortável se passaram, então Morgana suspirou e estendeu sua mão esquerda sobre a mesa para a colega. Susana olhou confusa sem saber o que fazer, e Morgana aproveitou o momento para encarar os olhos cor de rosa que a fitavam confusa. Era a cor mais bonita que a garota de cabelos escuros havia visto, até então o mais bonito era o âmbar dos olhos de Davi, mas os olhos dela eram como ametistas róseas, com respingos de lavanda. Talvez fosse o contraste com o verde-esmeralda dos cabelos dela que a tornavam ainda mais etérea.
- Me dá sua mão – Morgana sussurrou e Susana ficou rubra – o princípio dos poderes do tipo defensivo são a produção ou conjuração da energia, mas nada surge a partir do nada...
Susana continuava perdida, olhando para a garota que continuava explicando o conteúdo do trabalho como se ela já houvesse